Nesta série sobre práticas espirituais que iniciaremos; falaremos sobre o jejum primeiramente. O jejum é uma prática presente em diversas tradições religiosas, incluindo o Cristianismo. Na
tradição Anglicana, o jejum é visto como um meio de humilhação pessoal, devoção e busca por Deus.
O Jejum na Bíblia
O Jejum é mencionado em diversas passagens da Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento. No Antigo Testamento, encontramos exemplos de jejum como um sinal de
arrependimento, busca por Deus e súplica por misericórdia (Joel 2:12-13; Esdras 8:21-23; Salmo
35:13). No Novo Testamento, Jesus ensinou sobre o jejum em seu Sermão da Montanha,
enfatizando que o jejum deve ser uma prática discreta e não uma forma de chamar a atenção para si mesmo (Mateus 6:16-18).
Os pais da Igreja e o jejum
Os pais da Igreja, como São João Crisóstomo e Santo Agostinho, enfatizaram a importância do
jejum como uma forma de disciplina pessoal e busca por Deus. Eles viam o jejum como uma forma de controlar os desejos carnais e se concentrar na oração e na leitura da Bíblia. Além disso, o jejum era visto como uma forma de unir-se aos sofrimentos de Cristo.
Santo Agostinho escreveu: "O jejum é a alma da oração, a misericórdia é a vida do jejum. Que
ninguém se aproxime do jejum sem misericórdia. Se você jejua sem misericórdia, é como um maltrapilho que jejua apenas o corpo, mas não o coração".
Os reformadores ingleses e o jejum.
Durante a Reforma Inglesa, o jejum era visto como uma prática importante de disciplina pessoal e
devoção a Deus. O Livro de Oração Comum, publicado em 1549, incluía dias de jejum obrigatórios para a igreja, como a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa. Além disso, o Livro de Oração Comum enfatizava a importância do jejum voluntário como uma forma de se preparar para a comunhão e de se unir aos sofrimentos de Cristo. O Bispo John Jewel, um importante reformador inglês, escreveu sobre o jejum: "O jejum não é uma obra de supererogação, mas uma necessidade absoluta. Ele é necessário para domar a carne, para disciplinar a mente e para preparar a alma para a oração. Não podemos esperar receber bênçãos de Deus sem antes passar pelo caminho da humilhação e do arrependimento".
Conclusão.
O jejum bíblico é uma prática importante na tradição Anglicana e Calvinista, vista como uma forma de disciplina pessoal, busca por Deus e humilhação diante de sua presença. Os pais da Igreja e os reformadores ingleses enfatizaram a importância do jejum como um meio de controle dos desejos carnais, preparação para a oração e união com os sofrimentos de Cristo. A prática do jejum é vista como uma forma de se aproximar mais de Deus e se concentrar em sua vontade.
No entanto, é importante lembrar que o jejum não deve ser uma prática legalista ou uma forma de auto-justificação. O jejum deve ser feito com humildade, buscando a vontade de Deus e a renovação da mente. Além disso, é importante lembrar que nem todas as pessoas podem jejuar, seja por motivos de saúde ou outras limitações. Nesses casos, a prática da oração e meditação na palavra de Deus é uma forma igualmente importante de se aproximar de Deus. Em conclusão, o jejum bíblico é uma prática importante na tradição Anglicana e Calvinista, vista como uma forma de humilhação pessoal, devoção a Deus e preparação para a oração. Através do jejum, os cristãos são chamados a se concentrar em Deus e em sua vontade, buscando a renovação da mente e do espírito.
Reverendo Leandro Crown
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