Como um jovem batista, parecia não haver outra opção musical para mim. A nossa igreja era “contemporânea”, já que no final da década de 80 e início de 90, cantávamos alguns poucos refrões, de algumas músicas evangélicas contemporâneas da época (Keith Green, Maranatha, tipo isso) e alguns medleys gospel’s, mas não as que tocavam em rádios. Agora é diferente. Hoje em dia não há mais uma diferença entre as músicas gospel tocadas em rádios e as tocadas nas igrejas.
OITO RAZÕES PELA QUAL A INDÚSTRIA GOSPEL ESTÁ MATANDO A ADORAÇÃO
Bom, eu não tenho certeza se isso é algo bom.
Em um post recente sobre o declínio do culto contemporâneo, eu sugeri que talvez seria a hora dos cristãos, principalmente aqueles que entendiam a importância do culto sadio, silenciar de uma vez a indústria gospel antes que ela mate a nossa adoração. Aqui estão algumas razões pelas quais eu acho isso que esse é o caso.
O único objetivo é fazer com que sintamos algo. A indústria, assim como qualquer outra indústria convencional, procura criar algo que possa não só chamar atenção, mas prendê-la, a fim de criar uma cultura viciada em entretenimento. Por isso fazem músicas cheias de emocionalismo. Eles fazem músicas que massageiam nossos ouvidos e promovem uma emoção como faísca em nossos corações. O único propósito é ser lucrativo. E assim, todo o conteúdo teológico e poético da música sofre com isso. Nós trocamos a beleza da história de Deus pela excitação do momento que estimula nossos ouvidos. Não estamos mais fazendo canções sobre o amor de Deus. [Por isso] Acho a definição de Robert Webber, perfeita: “a adoração [atual] está desenhando a [uma nova] história de Deus”.
A indústria nos tira a verdadeira adoração. Quando a mente entra em transe e a adoração é reduzida a uma mera experiência emocional, a adoração perde seu sentido e se torna narcisismo e auto-ajuda. Ela se torna, o que diz um dito popular evangélico, “não -cristã”. Isso nos faz pensar. Várias vezes ouvimos pessoas dizerem: “Esse tipo de música não serve pra adoração!” ou “eu queria apenas adorar”. O que eles querem dizer é: “Na verdade, eu não entendi nada” ou “Apenas me diverti muito”. A verdadeira adoração cristã ocorre quando nós nos envolvemos com a história da Igreja por meio da Palavra e do Sacramento. Quando tudo ocorre bem, o resultado possível é não olhar para si próprio, mas buscar a bondade e a obra de Deus na história humana, e procurar o seu lugar na história de Deus.
Eles acham que isso é adoração. Para a indústria, o “culto” é apenas a parte do louvor musical. Eles [os contemporâneos] usam um banco improvisado num canto com um tipo de púlpito moderno [e luzes apagadas]. Na maioria das vezes, o altar é substituído por mais bancos de canto. Cantar é o “culto”, a pregação é…bom, não temos certeza. Definitivamente, isso não é a verdadeira adoração. Sem oração conjunta, sem credo, sem confissões!?. Chega de se reunir para chorar, “agradecer” e cantar músicas criadas pela indústria ou álbuns Worship. Chega de ministros de louvores que ajudam a destruir a liturgia história substituindo-a por algo totalmente contemporânea.
É apenas uma cópia das famosas músicas seculares. Na década de 1960, Leonard Bernstein disse que talvez 5% do sucesso da música pop quisesse dizer algo, e usou a obra-prima de Brian Wilson como exemplo. Após cinquenta anos, esse percentual foi drasticamente reduzido, devido a um aumento exponencial das gravadoras. Afinal, a indústria estava mais preocupada em criar versões cristianizadas de músicas populares, sem muita criatividade. Eles queriam apenas copiar os sucessos do momento e colocar a palavra JESUS neles.
Continuam a alimentar uma geração de cristãos contemporâneos medíocres. Recentemente, ocorreu-me que o cinema produz filmes cristãos melhores do que essas gravadoras “cristãs” que não estão nem aí para a história, e sim com sermões de auto-ajuda que não machucam os sentimentos. A Disney nos deu “As Crônicas de Narnia”. A Christian Culture nos deu a franquia “Prova de fogo” e “Deixados para trás”. Há algo significativo aí. A música cristã é sempre a mesma. Não é possível encontrar os 5% de Bernstein porque estão muito preocupados em mostrar o quão “cristãos” eles são, ao invés de contar a história.
Espalham uma teologia ruim. Principalmente porque vem de fontes erradas. O melhor da hinologia da igreja foi escrito por pastores e teólogos. Foi trabalhada por poetas e estudiosos da bíblia. O resultado? Textos da mais alta qualidade. Mas a indústria em sua busca por ser comercializável apenas tem espaço para pessoas comercializáveis que escrevem músicas comercializáveis. Confiam a narrativa sagrada a muitos com credenciais duvidosos como artistas, poetas ou “teólogos” apaixonados.
Eles criam Estrelas Gospel. Eu não acho que todos os artistas e líderes de louvor estejam buscando apenas fama. Eu acredito que a maioria deles evita o rótulo Estrela Gospel. Mas é isso que eles se tornam. Eles não podem evitar. Entretenimento gera fãs. Eles cantam, olham e se vestem como tal. A existência deles exige isso. Como a arte deles é uma cópia das principais estrelas da música, nós também nos tornamos uma cópia. Nós, a igreja, nos tornamos um auditório. Um grupinho de adolescentes gritando “OH! JESUS”.
Eles substituíram a Eucaristia pela Música. A maioria dos evangélicos, assim como os protestantes que usam da música cristã comercial para salvarem suas instituições fadadas pelo tédio, tratam a música como se fosse um sacramento. Através da música, as pessoas são levadas a um nível tão alto de emoções que conseguem alcançar e ver o Divino. Agora, a música se tornou o pão e o vinho. Não acredita em mim? Tente dizer à sua igreja, até mesmo ao seu pastor que devemos mudar. Sugira ter comunhão toda semana e música uma vez por mês (ou de onde eu venho, uma vez por trimestre). Com certeza não irão gostar da ideia.
Eu acho que essa é uma das razões pelas quais a maioria dos evangélicos (e não apenas os herdeiros da fé de Zwínglio) desvalorizam tanto a Comunhão. Eles não entendem o significado. Eles não sentem nada. Para eles, nada é comparável ao “culto”. Mas para a igreja história, não existe culto sem Eucaristia. Este é o ponto fundamental de toda a liturgia. Tomamos o pão e o vinho e, como uma criação seca e com sede, participamos da história do Evangelho. Jesus nos convida, dizendo: “Isto é o meu corpo e sangue”. A música pode até criar uma atmosfera dimensional legal, mas nunca nos levará até a presença de Deus.
“Ah, mas sem música ninguém irá vir para os nossos cultos, pois vai ser muito chato”
Assim como a bela arte, a adoração cristã exige o nosso compromisso. De certo modo, a adoração pode ser realmente muito chata, pois não oferece o estímulo excessivo que as massas querem. Mas para aqueles que realmente se dedicam a participar, é melhor do que qualquer coisa que a mídia (convencional ou cristã) possa oferecer, pois oferece algo totalmente diferente daquilo que é oferecido por este mundo decaído.
Então, o que podemos fazer? Isso fica a critério de cada um. Eu, pessoalmente, com raras exceções, não apoiarei a indústria do culto. Eu não pago pela música. Eu não vou a shows. Não vou ouvi-las na rádio. Eu simplesmente não posso fazer isso. Não se trata de começar uma revolução. Não é uma questão de gosto. Isso é uma questão de consciência para mim. Embora eu ainda escute vários estilos de música popular, desde a antiga à nova, não irei apoiar uma versão cristianizada que subverte os elementos essenciais da adoração cristã.
Não se trata de um discurso mesquinho contra novas músicas. Existe muita música cristã sendo escrita, mas na maioria dos casos, só conseguimos encontrá-las fora do mundo Gospel.
Se trata de libertar o culto do domínio da indústria. Se trata de reconsiderar como a igreja interage com a música. Se trata de rejeitar a pobreza artística e comercial e enriquecer nossa adoração com criatividade. Se trata de usar nossas mentes no louvor, e não apenas esperar algo emocionante para nos mover. É sobre não se embriagar com o vinho da música comercial que nunca aprendemos a saborear no altar de Graça que nos é oferecido gratuitamente. A verdadeira adoração não se trata de criar uma faísca. É sobre acender velas para serem usadas na escuridão. Talvez seja a hora de pararmos de brincar com fósforos.
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Publicado por Jonathan Aigner
Jonathan Aigner é formado em música pela Universidade de Baylor, no Texas, e bacharel em teologia pela Wheaton College, em Illinois. Ele é professor de música em uma escola de ensino fundamental e ministro tradicional na Igreja Metodista Unida. Jonathan vive com Kelsey, sua esposa, em Houston, Texas, com seu amado cachorro. Ver todos os posts por Jonathan AignerNavegação de posts
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Sandro Xavier 17 de novembro de 2020 às 14:42Brilliant!… Curtir Responder
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